sábado, 25 de abril de 2009

Ainda na Itália......




Giovanna e Guglielmo acompanhavam as notícias e a crise que assolava a Europa em meados de 1896.
Os indícios que levariam o casal Stacciarini a deixar sua pátria sustentam-se (também) na possibilidade de novas oportunidades na América. Mas tudo leva a crer que os motivos foram além disso.

Diante do processo de imigração (buscando-se explicações para a saída repentina de Guglielmo e Giovanna), registra-se, o que disse um italiano (na época) ao Ministro de Estado, sobre o propósito das razões que estavam estimulando a imigração dos italianos:

"Que coisa entendeis por uma nação, Senhor Ministro?
é a massa dos infelizes?
Plantamos e ceifamos o trigo, mas nunca provamos pão branco.
Cultivamos a videira, mas não bebemos o vinho.
Criamos animais, mas não comemos a carne.
Apesar disso, vós nos aconselhais a não abandonarmos a nossa pátria?
Mas é uma pátria a terra em que não se consegue viver do próprio trabalho?"

(http://www.imigrantesitalianos.com.br/)

A verdade é que o casal italiano Guglielmo e Giovanna estavam felizes com os filhos nascidos consecutivamente, um após outro, e integrando a prole linda que refletia a intensa história de amor dos dois.

Giovanna era San Marinense (de San Marino), da nobre família Stacchini, e frequentava a sociedade da época, isso, foi um dos motivos do encontro junto ao seu amado Stacciarini, por quem se apaixonou desde o primeiro momento que o viu.
Explicação que entederemos mais tarde: o começo desse grande amor.

Giovanna, chega ao Brasil, com seus sete filhos e marido, aos 33 anos de idade, já com seu filho mais velho, Angelo, tendo 12 anos. O que explica sua intenção com o esposo, de uma família grande e que era também o desejo de Guglielmo.
Um fato, é que, especialmente com Cirilo tão novo, não era em nenhum momento, a intenção de Giovanna deixar a Itália, e sobre isso, influenciou ao que pode seu marido: A resistência de deixar a Itália. Isso foi adiado até o último momento!

Mas isso ainda não explicou os motivos da vinda ao Brasil - além da crise financeira na Europa, visto que Guglielmo (e sua prole) integrante da linhagem do Conde Stacciarini, havia (m) ocupado-se do casarão em San Leo e viviam com abundância e progresso.

Um tempo antes disso - quando Guglielmo ainda estava por nascer, vale mencionar, a chegada de um ilustre hóspede ao casarão do Conde Stacciarini: o mártir Giuseppe Garibaldi.

Nota: A foto ilustra a entrada do Casarão do Conde Stacciarini, em San Leo (Colina) - como é hoje, e foi por esse caminho que a família Stacciarini, na época, recebeu Giuseppe Garibaldi, que dali tentaria se exilar em San Marino.
E, por este mesmo caminho, saíram, às pressas - o casal e seus filhos (em 1896), rumo a decisão que Giovanna não gostaria que tivesse sido imposta pelas circunstâncias - ir para o Brasil.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

01 de Março de 1896: A chegada ao Porto de Santos



Papà qui´è Brasile? perguntava Angelo ao seu pai. Guglielmo e Giovanna - que segurava Cirilo no colo - entrentanto, estavam aliviados de aportar em terra depois de quase cinquenta dias em alto mar e tantos anseios e percalços .

Guglielmo mal pode dizer ao filho: - aspetta figlio mio!!!!!!!!

Olhava atento ao horizonte do porto de Santos que na época tumultuava-se com acontecimentos políticos (também), visto que a Guerra de Canudos havia influenciado o espaço geográfico. Além da recém abolição da escravatura. Guglielmo, deixava-se, entreanto, levar pelo cheiro do Brasil, a imagem da marina em Santos, o jeito característico das cores de pele, a brisa do mar, e todo o novo desenho que curiosamente o despertavam para a admiração.

Só então consegue balbuciar (algo como):
- Figlio mio, quì è nostra nuova casa!
E suplementou à mulher: - Giovanna, 'siamo' Brasile!

As outras crianças, Rita, José, Eliseo, Maria e Florida juntavam o pouco de coisas que conseguiram embarcar em Gênova. Muito se havia perdido em toda a viagem por terra, cruzando a toscana, desde San Leo - de onde, a partir de agora só se 'viveriam' em pensamentos e nostalgia.
O tempo deles, sua terra, seus títulos, agora estavam do outro lado do oceano.

Com os olhos cheios de lágrimas, Giovanna segura Cirilo, embrulhado em uma manta, para protegê-lo da chuva fina que fazia em Santos no dia 01 de Março de 1896. Angelo puxava os irmãos e, todos olhavam atentamente para o mundo novo que se descortinava sob seus olhos. A terra Brasile!

O Edilio Raggio, a casa dos últimos cinquenta dias, aportava junto ao porto, em meio a empurrões, gritos, choros e lembranças.
Ouvia-se ao longe os primeiros arcodes da nova língua - o português: de que os imigrantes deviam ir por ali, descer por aquela direção, mas apenas entendiam que seriam levados para algum lugar.

Corajosamente, chegavam ao Brasil, Guglielmo Stacciarini e Giovanna Stacchini Stacciarini com seus sete filhos.