quinta-feira, 30 de julho de 2009

" Il Matrimonio "











As fotos da postagem mostram a original certidão de casamento do jovem casal Guglielmo e Giovanna; depois um detalhe da Igreja em San Leonardo, onde se casaram e o caminho de entrada na cidade de San Leo, por onde passariam noivos, famílias e convidados. Outras imagens, o caminho percorrido pelos noivos indo para o Casarão Stacciarini, a paisagem, e onde morararia nosso idolatrado casal ancestral..... até a vinda definitiva para o Brasil.
Imagens que permaneceram no imáginario de Guglielmo - sempre, e, também, nas lembranças e recordações de Giovanna.

Angelo, o filho mais velho do casal, bem mais tarde, sempre perguntava ao pai quando voltariam a ver Colina....
- Un giorno figlio mio, noi siamo a ritornare in nostra casa na Itália! Sì, noi siamo andare circa de Colina e di San Leo, ma qui in Brasile anche nostra casa, vá bene? dizia Guglielmo a Angelo....
Guglielmo pensava calado: Dio mio, che cosa é nostro Casarão in questo giorno? Come stai? Dio mio.....
(Nesse tempo... Angelo já era moço feito e logo se casaria com uma, também imigrante.
Como o filho mais velho, sério e responsável, tinha saído ao pai.
E por isso, dos sete filhos vindos da Itália, ele era o que mais se recordava de tudo e sabia bem que sua vontade de voltar a Itália não dependia apenas dos seus pais. Ele mesmo já havia se encantado com o Brasil.)

Mas ainda era o dia do casamento......Il Matrimonio

A manhã de Giovanna foi curta já que o casamento estava marcado pela meia hora do dia.... desde o café, Giovanna, vistas a sua vida nova....era anciosa....
A viagem para o casamento devia se começar, pois deviam rumar até a Catedral de San Leonardo.
Começavam os preparativos para a ida ao casamento: saia de San Marino toda a família Stacchini. O vestido, Giovanna só usaria na chegada a San Leo. Pertences, presentes e outras coisas seguiam com a família.
Da Igreja todos levariam Giovanna já casada para sua nova casa, em Colina.

Fazia a belissima manhã de 12 de Setembro de 1886.
Faziam quase exatos quatro anos de namoro e noivado....
Giovanna tinha 21 anos e Guglielmo completado os 28.

Marchavam amigos e uma comitiva de San Marino.... sequer viram chegar em San Leo e...

Até o ouvir do padre....

Signore Guglielmo Stacciarini
È il loro libero arbitrio che accetta come sua legittima moglie, a Signora Giovanna Stacchini, la sua promessa di amore e rispetto la sua fino all'ultimo giorno della sua vita?

Guglielmo enche o peito e aclama: - Sì

Signora Giovanna Stacchini
È il loro libero arbitrio che accetta come suo legittimo sposo, o Signore Guglielmo Stacciarini, la sua promessa di amore e rispetto la sua fino all'ultimo giorno della sua vita?

Giovanna sorri: - Sí acetto.


Olham-se, ela com olhos cheios de lágrimas, ele completamente tomado de amor por ter logo sua carissima no calor do seus braços.
A nona e a mãe de Giovanna também eram só choro e soluços.
Seu pai disfarçava mas com o lenço enxugando a testa, limpou os olhos e ajeitou os bigodes.
A família Stacchini, tão contente e alegre ensaiou um grande aplauso para os noivos e, todos de pé, ouviam sinos e o órgão da Igreja tocado pelo jovem amigo Paolo Bevilacqua. A marcha nupcial lindamente orquestrada levava o jovem casal, agora marido e mulher, para a saída da Catedral.
As amigas de Giovanna e amigos, esperavam na porta com um laço de fita atravessado pelo caminho... os noivos agora casados deveriam romper as fitas e seguir para a nova vida..... as meninas menores não deixavam de tocar o vestido de Giovanna, sinal de 'auguri' (sorte).... para quando fossem moças encontrar um bom marido.
Os costumes italianos todos cumpridos... e aquela manhã de Setembro marcava o começo da grande família que formaria, especialmente esse casal.

Frutificariam centenas de novos Stacciarinis......um só casal, este - Giovanna e Guglielmo.... mas numa terra distante dali.
Seus filhos, dariam continuidade a história da Itália e do Brasil.
Alguns desses Stacciarinis, hoje, correm os olhos por estas linhas, numa energia cetenária, secular.... para redesenhar a nossa própria história e de alguma forma agradecer, numa prece particular, a cada um, que nunca estivemos sós...
Nesse dia de Setembro, nonos e nonas de duas particulares famílias de San Marino rezavam juntas para que seus filhos fossem muito, muito felizes.
E foram....
Como nós seremos e estamos sendo....
Porque a coragem de um casal que larga seu país, sua casa, suas vidas e parte com sete crianças, sendo um de colo: Cirilo com apenas um ano de idade... para uma terra desconhecida, com praticamente a roupa que vestiam, além da sua enorme inteligência e vontade de trabalhar dia a dia;
E vence nessa terra distante, adquire bens, patrimônio,e... não se esquece de festejar, continuam alegres, fazer inúmeros amigos, tornam-se cafeeiros, fazendeiros, e hoje, onde estejam... sabem da prole riquissíma que constituíram: centenas de netos, bisnetos, e filhos destes...... e filhos dos filhos.... numa árvore genealógica iniciada por Elisa e Alessandra e Lucia e...netas de netos de Giovanna - hoje no Brasil.

Sí, "Siamo tutti Stacciarini"... Siamo felici e siamo uma raça forte e guerreira. Porque não são os ventos do oceano que fizeram abalar nossos avós, não serão os ventos desse novo tempo que nos farão...
Eles, Giovanna e Guglielmo, já vinham preparando a nossa chegada ao Brasil, muito, muito tempo antes de hoje....
Nesta referida manhã de Setembro de 1886.....
Em San Leonardo.... casavam-se..... e nós nascíamos!!!!
Estavámos, neste dia de Setembro, no ventre do Universo.

O casamento foi realizado na Cattedrale di San Leone, uma bela construção do século XXII, com todas as regalias de um casamento do filho do Conde Stacciarini com a tradicional e rica família Stacchini de San Marino.

Saíam da Igreja, nesse momento, uma Giovanna sorridente, por dentro a gritar, berrar de alegria.... e um Guglielmo menos sisudo, segurando firme na mão da sua amada, protegendo-a, como faria até o último suspiro de sua vida. Não largaria mais essa mão, tão doce e, desciam assim, as escadas de San Leo......

À saída da Igreja, as mulheres de San Leo, forraram o caminho dos noivos até o patio da festa, com ricos tecidos, por onde, em um corredor de convidados... e recebiam mãos de todos os lados.....

Seria servido um almoço no pátio da Catedral, na Piazza Dante Alighieri, de lá a festa continuaria no Casarão Stacciarini, agora a nova residência de Giovanna.

O almoço do casamento foi organizado pela família Stacchini e um rico cardápio foi degustado:
Como era costume diário carnes e queijos da cozinha local, a mãe de Giovanna preferiu variar mandando buscar pescados frescos em Rímini...
Il primo piatto foram 'Tortellonis recheados com ervas ao molho de queijos' (pecorino e parmesão)
Il segundo piatto foi 'Maccheronci con le sarde' e para convidados que não comiam peixe, foi servido 'Scottiglia di Cinghiale'
Il terzo piatto: uma refrescante 'Panzanella'
A sobremesa um belo 'Tiramisù'... havia também Panforte e Cantucci... Ricciarelli e licor de vino santo.
Seguido de fresco café.
Durante todo o almoço se pode apreciar belos vinhos... no início un Verdicchio e Orvieto, dopo un nobile Vinho Montepulciano.
Crostinis foram servidos fora da Igreja desde antes do início do casamento e doses de Orvieto para os italianos mais velhos, também, nascos de fortes queijos montanheses feitos na própria casa de Giovanna (queijos com ervas, codimentados e curtidos com técnicas toscanas).

Muitos convidados....... falantes, e muitas amigas de Giovanna, SanMarinenses, sorriam e olhavam para os tímidos rapazes de San Leo.... as matriacas competiam em suas guloseimas, já que o almoço em San Leo era só o começo dos quitudes. Todos estavam felizes.... e agora haveria cantoria até lá pelas quatro da tarde quando rumariam para o Casarão...e a festa prevista para terminar no dia seguinte, seguiria até la Lunedì (segunda-feira).

Notas:
Maccheronci con le sarde = clássico prato do sul da Itália, leva sardinha, erva doce, uva, pinhão, farinha de rosca e açafrão.
Panzanella = salada feita com tomates, cebola e alho, e pão embebido em azeite e temperado com manjericão fresco.
Scottiglia di Chinghiale = preparado com carne de Javali, prato especial do sul da Toscana.
Tortelloni = versão ampliada dos Tortellini, massa recheada com carne, queijo, ervas.
Panforte = bolo compacto salpicado com canela e cravo da índia
Ricciareli = preparados com amêndoas moídas, casca de laranja e mel.
Cantucci = biscoitos toscanos geralmente servidos com vin santo, um típico vinho licoroso.
Crostini = entradas feitas com pães, torradas, cobertas com creme de anchovas, azeitonas, fígados e tomates. E azeite de oliva.
Vino Nobile de Montepulciano = feito com mesmas uvas do Chianti (uva Sangiovenese, típica da Toscana), vindo da aldeia de Montepulciano. Trazidos pelo irmão de Giovanna, que pessoalmente inspecionou a safra dos tonéis.
Verdicchio = vinho branco seco da Marche com sabor forte. Enviados pelos amigos do pai de Giovanna.
Orvieto = branco e mais doce, conhecido como Abbocato.

Foram inúmeros os presentes do casal. Incluia: Prendas caseiras feitos pelos moradores de San Leo, todos mandaram presentes e estavam na grande festa; até ricos regalos de San Marino (movéis, bordados, prataria, e pedaços de ouro); também, Carneiros e matrizes; galinhas; porcos; novilhos; e até uma carroça nova, enviada pelo amigo do Conde, o Duque de Montefeltro. Tecidos e perfumes, quadros e uma família de trabalhadores de San Leo, até mesmo ofereceram sua filha para ser dama pessoal de Giovanna e ajudar a cuidar dos seus futuros filhos.

Rememorando: À saída da Igreja, as mulheres de San Leo, forraram o caminho dos noivos até o patio da festa, com ricos tecidos brancos, por onde, em um corredor de convidados, eram aplaudidos ao mesmo tempo que recebiam mãos de todos os lados, naquele jeito espontâneo do povo da Itália....e, sempre com as meninas pequenas se espremendo no meio dos adultos para chegar até a beira do tapete de tecidos, e assim tocar levemente no vestido de Giovanna... que dizia elegantemente a todos:
- Grazie! Grazie! Grazie tutti!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

O dia em que se casaram




O som veio devagar e de repente um súbito se fez. O galo cantou e Giovanna saltou na cama: em pensamento: - Dio mio! assutou-se pensando ter perdido a hora. E se deu conta de que o dia vinha chegando, mais ainda não havia amanhecido. Devia ser por volta de cinco da manhã.

Com os olhos embebidos de emoção lembrou-se.... hoje é o dia que me caso com meu amado. Auguri, fortuna, felicità.... nisso pensava.
Os olhos de Gulgielmo tornaram-se nítidos em sua mente e não acreditava que ia ser 'sposata'.

Levantou-se, não podia estar mais na cama, queria ver o dia do seu casamento nascer e dirigiu-se para a varanda.
Em San Marino, fazia calor, como se parla em italiano 'è caldo!'
Tudo estava preparado, hoje mudaria-se para San Leo e deixaria sua família em San Marino - de alguma forma para sempre!

Na noite anterior lembrava-se dos conselhos da mãe sobre o que significa o casamento, a importância da primeira noite.... e tudo isso fragmentava-se, pois sua personalidade era forte demais para seguir conselhos, queria sim, beijar seu amado Guglielmo para sempre e sentir seu abraço e seu cheiro e nada mais. Nem família, nem conselhos, queria apenas viver seu amor. Desde o dia em que o havia descoberto.

Ouvia barulhos vindos da cozinha, devia ser o preparo da primeira refeição - prima colazione.

Estava descalça e logo os primeiros passantes iam se ver à rua.
Queria gritar.... de felicidade, felicitá, felicitá.... só isso sentia.
Precisava falar, envolver-se nos fatos da sua própria história.
Isso era um pouco da Giovanna: falante, tagarela, risonha, engraçada, espirituosa... Não fosse tamanha a seriedade de Guglielmo, para se apaixonar perdidamente pela sua Giovanna. E ela por tanto mistério, neste homem que em silêncio a conquistou deliberadamente.........

Por um instante ela se lembrou do primeiro dia que viu Guglielmo - como seu amado.

"Era Dezembro e toda a família Stacchini preparava-se para subir às torres. Hoje haveria missa na "prima terça" - primeira torre.
Giovanna arrumou-se em um vestido de gala, como não tinha uma data para usar, o natal era sempre uma oportunidade.
Seu pai haiva trazido os tecidos de uma viagem a Firenze. O pai de Giovanna era um comerciante de San Marino e entre os filhos tinha um apreço especial por Giovanna.
Talvez pela sua personalidade.
Talvez por sua felicidade gratuita.

Assim rumaram para a torre.
Toda a família Stacchini.
Além do exagerado vestido pérola, e dos cabelos em cachos, Giovanna usava meias brancas e sapatos novos também.
Forrou o assoalho da carroça e foi a primeira a sentar-se para ir a missa de natal.
Tinha 17 anos e ainda não pensava em namorar, sabia que isto existia, já tinha ido a casamentos e até visto algumas peripécias dos primos e primas.
Mas vivia em um mundo paralelo.
Ainda, nunca havia beijado sequer.
Apenas sabia do interesse do filho Conde por ser seu esposo.


A missa foi imensa.... Giovanna por alguns momentos pensou que o sermão não acabasse mais.
Afinal 'dopo' havia festa no patio de acesso ás torres.
San Marino era toda festa neste natal.
Bandeiras e uma farta mesa como toalhas brancas.
Um cheiro de Pantucci... e de manjericão,espalhava-se pela atmosfera.
Não era como os outros natais, havia algo de diferente, mas Giovanna não sabia explicar o que era.
Apenas que queria desfilar sua bela juventude de 17 anos......


Sua avó lhe disse ainda: Figlia mia, come tu´é bela!Giovanna sorriu sua exagerada distância entre os dois dentes da frente.
Um sorriso lindo de fazer covinhas, e disse a sua nona: te voglio tanto bene nona!
Emendando a nona retrucou: - Guglielmo ti chiederà in matrimonio (ele te pedirá em casamento)
!
Giovanna virou-se assustada em direção a sua nona......
Um olhar espantado - não que não soubesse da vontade de Guglielmo. Mas isso ainda era uma expectativa, não pensava em se casar. O filho do Conde era seu amigo e protetor que encontrava todos os sábados na feira e 'domenica' na missa.
Sua nona sorriu......
Entreabrindo os lábios quis dizer algo mais.
Mas o silêncio da avó e a cunplicidade feminina das velhas sábias, de imeditato amadureceram os pensamentos da bela Giovanna.

Ali, naquele instante, olhando a predição silenciosa de sua avó, Giovanna apreendeu que sim, que sua vida de fato estava ligada a alma de um Stacciarini.

Arrepiou-se.

Olhou para o nada e novamente para a avó, com olhos e lágrimas que começavam a nascer.
Não sabia se estava feliz, mas hesitou que ia se casar com um dos filhos do Conde Stacciarini, como já supunha que seu pai tanto queria.

Mas mais que isso, dentro de si, Giovanna assumiu a possibilidade do amor. Do que talvez fosse o amor.
Pensou ainda, sentindo o desfalecer das pernas, e uma pontada no peito. Sinos tocavam de verdade ou no seu imaginário. Um calor inexplicável fazia.
Fato que por vezes sequer pensamos. O amor tem razões que a própria razão desconhece.
Sim, será que estava apaixonada?
Isso era o amor?

Sua avó acenou, franzindo a testa e as sombracelhas....

Ela virou-se e seus olhos encontraram os olhos de Guglielmo, de chapéu , bigodes e barba tão bem feita, olhos profundamente azuis, cor de céu em dia de primavera: ficaram ali parados olhando um para o outro, por um tempo incalculável. Ela não conseguia dizer nada. Ele preferiu não dizer nada.

No silêncio da noite em San Marino.................
Giovanna inexplicavelmente acaba, assim, ali, por descobrir o amor.


Naquele olhar Gulglielmo também sentiu o destino do amor de Giovanna.

Sim! Estavam casados, ali..... naquele instante. Para sempre!

N o t a :
O amor assim, pode ser que realmente nasça, do desconhecido sentimento de convivência, de fortuitos encontros, para de fato ser algo diferente, inexplicável.
As famílias Stacciarini e Stacchini era vizinhas de cidades por 8 Km, isso no tempo remoto de 1865. É claro que Giovanna e Guglielmo se conheciam, encontraram-se por muitas vezes. E famílias também interferiam nessas relações. Hoje ainda pode acontecer. O fato é que em algum momento eles realmente se apaixonaram, especialmente ela, traduzida pelos fatos, em uma mulher muito corajosa. Mulheres assim só amam uma vez. E também fortuitamente, talvez seja essa a melhor explicação para se descobrir o amor... um dia esquecidos de tudo, ele naturalmente brota em nossas almas, no lapso delineado de algum olhar. Quando isso acontece, a dádiva maior do Universo conspira, escolhendo alguns poucos, em qualquer tempo, para a emoção do desejo mais cobiçado entre os homens: viver um grande amor. Ou melhor seria, viver o pessoal e intranferível grande amor.

Giovanna via Guglielmo todos os sábados na feira em San Marino, e aos domingos na missa da manhã. Guglielmo era mais sisudo, sério, e Giovanna uma menina sorridente e distraída. Ele sempre querendo protegê-la e galetendo-a para 'desposá-la'. Isso - a ingenuidade, ele mais apreciava na jovem moça. Ali naquele natal ainda eram só jovens... cheios de sonhos. Mas foi naquele olhar, também, que se traçou o futuro do amor dos dois jovens italianos... o tempo os levaria para longe da Itália.... ...Giovanna, ainda, sequer pensava que a beleza deste natal, em quando descobriu o eterno olhar apaixonado de Guglielmo, seria lembranda até o final da sua vida.... de frente às olarias do Bairro das Alagoas, em Minas Gerais, Brasil. Já com cabelos longos em tranças.... brancos.... o olhar triste no vazio das Alagoas, sentia o vento e a poeira amarela invadir sua alma, era somente a busca pelo mesmo olhar de seu amado nesta noite de natal em San Marino. Olhando os cortadores de tijolos, trêmulos ao longe, o calor - ali sozinha, voltou-se para sua Itália: Nunca havia esquecido San Marino.

Fotos da postagem:
1 - Entrada de San Marino (hoje)
2 - Caminho percorrido por Giovanna e Guglielmo neste natal e por tantas vezes
3 - Vista de San Marino - terra da famiglia Stacchini

quarta-feira, 8 de julho de 2009

T O S C A N A - o caminho percorrido pelo jovem casal Stacciarini em sua vinda para o Brasil





As imagens ajudam a explicar as referências do caminho percorrido pelo casal Giovanna E Guglielmo com seus sete filhos, saindo de San Leo em direção ao Brasil.

Cruzaram a toscana. Uma região especialmente bela. Possivelmente a região mais bela da Itália. Pode-se perceber o roteiro pelas indicações a partir da cidade de San Marino (vicino a San Leo). Partiram, naquela época, por terra, com crianças, assim sendo em transporte de tração animal, com as coisas que conseguiram reunir, às vésperas da decisão em vir para o Brasil.

Passsaram nas imediações de Firenze, indo até Lucca e então até Carrara, para assim adentrar a Liguria, e chegando a Gênova e alcançar o porto.
Não sabiam se conseguiriam embarcar de imediato, as notícias que corriam diziam do incentivo para a chegada dos imigrantes no Brasile, e toda assistência da hospedagem ao trabalho. Também se falava de incentivos às passagens, que eram gratuitas e que o Brasile urgia por trabalhadores no campo, especialmente nas culturas de café.

Em cada quilômetro da viagem, o jovem casal, permitia-se aos pensamentos da decisão tomada, mas isto já era um fato e agora estavam a caminho de uma nova vida em um novo lugar.

Giovanna apenas se permitiu derramar lágrimas no momento da decisão, agora olhava para frente, não podia se permitir algum tipo de medo ou arrependimento, a decisão estava tomada e olhava para seus filhos, pensando sobretudo neles, que iriam viver suas vidas em uma nova terra. Como seria Brasile?
Entrecortava os pensamentos com o saculejar da carruagem e fixava-se a contemplar os campos da toscana, tentando registrar os cheiros, as imagens de sua terra, pois sim, sabia, que não tinha data para voltar, se é que algum dia voltaria.

Guglielmo pensativo e calado, bradava coragem, arreando forças para fazer a viagem no tempo mais curto possível. Quanto antes chegassem ao porto de Gênova menos riscos corriam seus filhos. A situação na Itália era tensa e rebeldes circulavam por toda parte, cidades e campos.
Muitos foragiam-se nas fazendas e a luta era mesmo por sobrevivência.

Num instante de concentração da viagem, Guglielmo, avistando um grupo maior de pessoas, percebe que estão armados, e avisa a Giovanna..........
Isto ainda a umas quatro léguas de Firenze. Já haviam saído da região que circunda a terra dos Montefeltro........