quarta-feira, 20 de maio de 2009

Enquanto isso: Minas Gerais, antes do século XX

Enquanto na Itália desenvolviam-se fatos e fotos, aqui no Brasil, especialmente em dois pontos do universo geográfico, também se faziam sucessivas mesclas de amor e descoberta.

Pontos do relevo, espacializados sobre a 'geografia do inconsciente', e virtuosos pela bela natureza e riquezas do 'ocaso'.

Lá pela década de 1850, pontualmente no ano de 1858, começa a ser erguida a Capela, que ia receber o nome de Garimpo das Alagoas. Tudo por causa da descoberta de um imenso diamante nas proximidades de um Rio de águas muito cristalinas, caudaloso e sustentado sobre uma formação de basalto.

Corria notícias da desoberta de diamantes nesta região e falava-se também em ouro e o ideário de prosperidade atraiu ouvintes, sedentos de riqueza.
Essa tendência levava a fixação dos primeiros habitantes, recorrente a um processo de invasão de garimpeiros.

O vilarejo eleito por garimpeiros "Garimpo das Alagoas" foi elevado à condição de freguesia em 21 de outubro de 1878.

(Ainda faltava algum tempo para 1896, partindo-se da Itália)

Ao mesmo tempo a uns quase 200 km dali vislumbrava-se outra rica beleza natural, entrecortada por alguns montes e vasta floresta de cerrado.

O caminho desbravado pelos bandeirantes ia deixando marcas, notícias e adensamentos de população. Eram as primeiras bases para as cidades que viriam a se constituir.

O segundo ponto geográfico, transcrito pela leitura espacial, estaria localizado antes do Garimpo das Alagoas, pela oportunidade terrestre de quem um dia, sequer soubesse, mas viesse no sentindo imposto pela chegada ao Brasil, pelas águas contíguas do continente Europeu.

Possivelmente, o destino de todos os imigrantes constituídos da família de Guglielmo e Giovanna, se abarcaria nas "Alagoas"; talvez algum deles pudesse ser traído pelo calor brasileiro, mesmo que aos rumores dos ventos, tivesse querido ir mais adiante.
Existem ventos que nos levam aonde devemos ir.

"Isso de querer ser exatamente o que a gente é, ainda vai nos levar além."
(R. Freire)

As coisas do 'ocaso' nem sempre são tão definidas (assim).

Os dois pontos geográficos são hoje: Jubaí (Conquista) e Conceição das Alagoas, ambos em Minas Gerais.

Mas em 1850 - tudo era pura beleza da obra divina - e menos contrangimento da paisagem, hoje, pouco cênica.

Essas terras, ainda contam e, continuarão contando sua (s) própria história (s).

Outros personagens, imersos no dinamismo da natureza (ciclíca ou não) começam a se movimentar em direções similares ao caminho 'escolhido' por Giovanna e Guglielmo.
Os movimentos das marés, os ciclos da lua, o trânsito do sol, configuram-se numa dimensão espectro-espacial-temporal.
As forças naturais se inspiram para a reunião de conjunturas e ligações, entre política e inércia, às fixações, que tarde, algum tempo mais tarde, se formariam num emaranhado arranjo sentimental.
Os novos personagens que compõem a saga do casal Stacchini Stacciarini, confluem em tantas outras famílias e acontecimentos.
Certamente, não tenham dúvida disso, sempre ao envolvimento de relações muito fortes, intensas, à curiosidade brasileira pelo novo povo, e de outra forma, pelo olhar italiano, de ter gostado de misturar as raças, espécies, destinos e cumplicidades...

"Mesmo sob a advertência do casal-mater" - muito italianos! Isso entenderemos depois: mas ao casar um filho, a nora (mulher do filho), mesmo italiana, passava a viver com a família. Os italianos são assim, não saem de casa, aumentam a casa.

Mas, ainda é cedo! "Somos tão jovens e temos todo o tempo do mundo" (...) Agora, seus corações palpitavam "em súbito" na Itália, crianças ou pretensos a existência, como se poderá documentalmente perceber no entendimento do acervo documental.

No trânsito deste período, o que se pode constatar são outras ligações terrestres, vindas do Rio de Janeiro, permeando a cidade de Paracatu-MG.
Além das ocupações nas "Alagoas".
O ponto geodésico datum 69.
As estradas se abrindo no Jaracatiá e nas redondezas de Santo Inácio.
Ou seja, a ligação determinada, que a apoteose história, teria como palco uma faixa do Estado de Minas Gerais.
Lobos, tucanos, mulatas, ouriços, tatus, tamanduás, raposas...
Ipês, muricis, 'gabirobas' (...) e uma terra rica, intacta, esperavam os italianos.

Natural e possivelmente, "as histórias" sejam mesmo essas e assim! Mas sobre os locais onde se derivam as escolhas, isso, faz-se crente, não podemos entender. Talvez o desejo inócuo da permanência, outrora o desejo ávido do movimento.

As escolhas hoje, porém, não sofrem a imposição do Estado de Guerra, ou de despatriamento forçado.
Mas quando alguma coisa não previsível acontece, postamos ao estado de contrariedade. Mal, ou negando-se, ao entendimento do passado: muito da nossa existência dá-se pelo grato resultado da inflexibilidade de caminhos que não foram escolhidos pela liberdade, mas pela imposição e sobreposição de fatos.
Assim nascemos.

'Descartado' o autoconhecimento, impulsionamos outras naturezas internas, que indubitavelmente, terminam (na) (cedo ou tarde) em nós mesmos, ou nesse estado de existência, compreendido ou não, à tendência suplementar: - a do que necessariamente não somos.

Uma pausa de futuro

Saltando deste tempo, a matriarca Giovanna, já em "Alagoas de Minas Gerais" se abstraia do sentimento dessa família em terras brasileiras. Mas sentia-se silenciosamente só, admirando ao seu redor o estardalhaço exagerado de filhos, netos, bisnetos... não podia negar que eram também italianos. Mas a Itália era agora uma terra impossível. Esquecida. Mas, em nenhum um momento sequer, olhou para os novos compatriotas, sem alguma retiscência, nem boa nem má, mas a admirar como era possível existir mundos tão diferentes numa só terra!

Nenhum comentário:

Postar um comentário